A história de como nasceram os desenhos da maternidade Bellysketcher
Desenhos da maternidade – uma vida colorida depois de tanto preto e branco (arquitectonicamente falando)
Nunca pensei encontrar-me em desenhos da maternidade.
Estudei arquitectura em Lisboa e Madrid e adorei o meu curso. Era uma boa aluna. Diverti-me muito durante os anos da faculdade e aprendi muita coisa ( algumas coisas também sobre arquitectura 😉 ). Tive o privilégio e felicidade de trabalhar com pessoas talentosas como o João Caeiro, a Sara Cardoso Silva, a Sílvia Santos e a Carolina Oliveira a quem ainda hoje recorro frequentemente para pedir conselhos ( também profissionais). Da faculdade recordo-me com especial carinho as nossas noites intermináveis de trabalho ( na altura não pensei que sentisse saudades), dos nossos lanches de croissants com chocolate na Benard no Chiado e das aulas de desenho.
Não houve nenhum momento na faculdade em que me tivesse questionado sobre se teria escolhido o curso certo. Sei hoje que o curso foi muito bem escolhido.
O que eu não sabia ainda era que o curso não determina a nossa profissão.
O meu primeiro emprego, como estagiária, foi no atelier do premiado e famoso Manuel Aires Mateus onde aprendi muito. Mais do que ensinamentos de arquitectura, aprendi a nunca parar de me questionar, a procurar sempre a perfeição, nunca achar que terminei um trabalho, a perceber que há sempre para onde evoluir e melhorar. O Manuel Mateus é assim, sempre insatisfeito e sempre genial.
A arquitectura parecia fascinante, mas ao final de 10 anos a trabalhar nessa área percebi que estava muito longe do que tinha idealizado.
Comecei a sentir-me cada vez mais desmotivada, cada vez mais deprimida e menos entusiasmada. Chegava ao atelier de manhã e começava logo a contar os minutos para vir embora. O trabalho não se assemelhava nem um pouco com os brainstormings que eu ansiava. Estava sempre atrás de um ecrã de computador, raramente via clientes, e quando os via apercebia-me do fosso entre o que eles desejavam e o que nós achávamos que eles deviam desejar. Raramente vi obras que desenhei saírem do papel e nunca senti que o meu trabalho fizesse diferença na vida das pessoas.
Não foi de um dia para o outro, mas a vida de arquitecta estava a acabar com a Inês que eu tinha sido.
Depois nasceu o Tomé e a viragem mostrou-se indispensável. Deixar o meu filho na escola para ir trabalhar não passava de uma patetice ( até porque convenhamos… os honorários de arquitectos em Portugal são bastante maus). Se não era pelo dinheiro, não era pelo estímulo e tão pouco pela causa, tornou-se óbvio que o caminho tinha que ser outro.
Recomecei a desenhar. Antes achava que tinha perdido a energia para desenhar e depois percebi que era o contrário. Voltar a desenhar dava-me a energia que precisava. O resto, como se costuma dizer, é história. Se ainda não sabem a história Bellysketcher leiam o Sobre.
A decisão de sair do atelier foi muito difícil ( e pouco entendida por muita gente), mas em nenhum momento me arrependi.
Agora ADORO o meu trabalho, adoro o meu projecto, adoro conhecer pessoas de todo o mundo, adoro ser a minha própria patroa, adoro criar retratos da maternidade que emocionam as pessoas.
A Criação é a minha divindade, o meu numinoso. Sei que o meu trabalho inspira as pessoas ( muito mais do que alguma vez inspirou quando era arquitecta) e esse pensamento mostra-me que devo continuar, irrequieta, mas nunca desanimada.